Execução de Louis XVI na Praça da Revolução, 21 de janeiro de 1793. Coleção de Gravuras do Museu Carnavalet, Paris.

Maria Lazar. O Carrasco. 1921

O Carrasco é uma peça de um ato que se passa na noite anterior à execução da sentença de morte de um assassino. Como último desejo, o Assassino pede para conhecer pessoalmente o seu Carrasco. Ele deseja entender a motivação e os sentimentos do Carrasco ao matar alguém. Outras figuras que visitam a cela do condenado ao longo da noite, como o Padre e uma Prostituta, participam de conversas que revelam um olhar crítico, subversivo e destrutivo em relação à sociedade e sua moral convencional e levam o enredo a um desfecho surpreendente. 

Maria Lazar nasceu no Império Austro-Húngaro, em 1985, e faleceu na Suécia, em 1948. Trabalhou como jornalista, tradutora e escritora, sendo a primeira profissão para sobrevivência e as outras duas por vontade. A Áustria, renascida como república em 1919, estava imersa em um cenário caótico de ideias e posições políticas: a classe trabalhadora se abria às crenças comunistas, os conservadores patrióticos assumiram ideias fascistas, e, no âmbito religioso, havia manifestações católicas, sionistas e antissemitas. Havia ainda um grupo monárquico que queria a volta da Coroa. É nesse caos político, econômico e religioso que Maria Lazar, influenciada principalmente pela sua irmã, Auguste Lazar, aderiu às ideias comunistas e mostra em suas obras um olhar atento e crítico acerca das contradições sociais em que estava inserida.

O Carrasco foi o primeiro drama escrito por Maria Lazar e foi publicado em 1921. No mesmo ano, estreou nos palcos de Viena. Toda a obra de Lazar publicada até 1938, quando a Áustria começou a fazer parte do Terceiro Reich, foi destruída pelas fogueiras nazistas. Apesar de suas obras terem chamado atenção em sua época, elas não foram reeditadas após o fim do período nazista. Assim, Maria Lazar ficou esquecida até que uma pequena editora vienense, Das Vergessene Buch [O livro esquecido], decidiu publicar obras censuradas pelo governo do Terceiro Reich que ainda não haviam ganhado uma nova edição durante o período democrático. Até 2025, a editora já publicou oito livros da escritora. Algumas de suas obras já foram adaptadas para o palco, incluindo Der Henker, apresentada em 2019 no Akademietheater de Viena, um dos mais importantes palcos da Áustria. A tradução de Mariana Bourscheid Cezimbra é a primeira realizada para a língua portuguesa.


Deixe um comentário